domingo, 1 de novembro de 2015

Não é uma prova de amor!
Não, é uma prova de amor!


         Já há tempos, li um texto que dizia algo que a gente realmente só entende depois que um tempo passa, depois que a adolescência passa, e a gente abre os olhos de um modo que nos permite ver o mundo como ele de fato é.
        Mães más é um texto que faz pensar muito sobre atitudes das crianças, e mesmo dos adultos que vemos hoje.
        Eu fui uma criança, e sobre tudo, uma adolescente extremamente maltratada, graças a Deus. Sim, graças a Deus. Porque meus pais me transformaram num ser humano digno de mim, e que sabe se por no lugar das outras pessoas, que sabe respeitar, que sabe ser gente.
        Me lembro claramente de quando eu era criança, que meu pai tinha um preguinho na parede, com um cinto pendurado.
        Lembro perfeitamente de nunca ter apanhado com aquele cinto, até porque bastava o não. Mesmo que rolasse uma birra (porque criança é criança, e adolescente sabe ser pior), bastava um olhar mais sério, uma voz mais firme, e já ficava claro que era melhor nem tentar. "E se quiser chorar chora, que chorar não mata ninguém". "É melhor tu chorar agora que depois eu chorar por ti".
        Eu não entendia isso, não entendia mesmo. Porque eu não podia brincar com meus amigos na rua? Porque eu não podia ir na festa com as minhas amigas?
        Há uns 3 anos, conversando com minhas amigas da adolescência, da época das festas, mas ainda de hoje, elas falaram de alguns percalços que tiveram voltando de festas, e disseram que até se divertiram, mas que sabem dos riscos que correram, e que eu tinha sorte de os meus pais não terem me deixado ir.
        Sorri por dentro, de gratidão, de alegria, de amor. Sorri por dentro no mesmo tanto que chorei por fora quando ouvi: não.


        Tenho ouvido muito ultimamente que, não é o maior ato de amor que um pai e uma mãe podem praticar. E todos os dias vejo algo que demonstra isso. Mas esse é um ato difícil, especialmente porque mães têm que ter paciência para dizer não, para educar.
        Quando uma mãe é má, ela acaba enfrentando um filho mau. Quando diz não, ela acaba se enrascando, se prendendo, tendo que explicar o porquê, tendo que ouvir choro, tendo que ouvir os típicos e dolorosos: "Tu não é minha mãe". "Te odeio". "Tu não gosta de mim". "Eu vou embora". Crianças são cruéis.
        Soube de um caso em que um pai disse para a filha que ela estava de castigo e ela falou que ia ligar para o conselho tutelar e denunciá-lo por maus tratos, ao que ele pegou o telefone, entregou pra ela e disse: liga, liga agora, não deixa pra amanhã. Santo remédio, ela não deu mais um pio.
        Pais, o mundo está de cabeça para baixo porque vocês são mais fracos que seus filhos. Não sejam preguiçosos. Levantem-se, digam não, expliquem a razão, coloquem de castigo. Não de castigo com o celular na mão, ou de castigo na frente da TV. Castigo é castigo, é pra tirar, não pra dar, e a criança tem que saber porque está perdendo o que está perdendo. 
        Pais, saibam que seus filhos não vão te odiar porque não comeram sorvete antes do almoço ou porque não foram naquela festa que "todo mundo vai". Eles vão te amar, porque vão ser saudáveis, íntegros e vão saber, antes que seja tarde, que ninguém é obrigado a brincar do jeito deles. Porque mais cedo ou mais tarde, ele vai ouvir que não, mas se estiver acostumado, as coisas vão ser bem mais fáceis.
        Pais, não importa se eles têm 6 meses ou 16 anos, eles entendem sim o significado da palavra "não", especialmente se você ensinar. Eles não são apenas bons atores, especializados em drama. Eles são mais inteligentes que vocês imaginam.
        Pais, o  mundo não é obrigado. O mundo precisa do seu não. 
        "Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes mães más".

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